quarta-feira, 27 de abril de 2011

Notas sobre as fichas de leitura

Queridos,

Aproveito para disponibilizar aqui breves apontamentos e comentários gerais sobre os fichamentos dos três primeiros textos que avaliei até aqui (Eco, Lotman e Kristeva). Como mencionei em sala de aula, tomei em conta apenas 7 ou 8 daqueles que me foram entregues (a totalidade dos que me foram passados em versão impressa). No decorrer das próximas levas de fichamentos, concluirei o universo da turma como um todo (como disse tb., ao fim do semestre, desejo haver comentado pelo menos 2 fichas de cada um de vcs.).

No que respeita as fichas que pude ler e comentar, encontrei2 ou 3 bons fichamentos, que certamente poderão ser úteis a seus autores. Nas gostaria de me concentrar aqui nos problemas que encontrei de concepção mesmo deste tipo de instrumento para o estudo acadêmico, e que talvez seja estranho a muitos de vcs.; é bom que se saiba, em primeiro lugar, que a produção de uma yal ficha pode ser algo muito útil na orientação das leituras para trabalhos de mais fôlego (como aqueles que vcs. certamente terão que realizar, ao fim do curso, em seus TCC's).

Pois bem, em primeiro lugar, alguns dos fichamentos não eram compostos de uma identificação catalográfica básica dos itens de leitura: isto torna algumas fichas praticamente irreconhecíveis para vcs. mesmos, quando precisarem voltar a elas, no momento de revisar os assuntos da matéria, a partir destas fichas. Segue um modelo desta identificação (para o caso do texto de U. Eco):

ECO, Umberto. "Introdução: rumo a uma lógica da cultura". In: Tratado Geral de Semiótica (trad. Antonio Dainesi). São Paulo: Perspectiva (1997): pp. 1,24.

Outra observação: alguns dos fichamentos consistiram basicamente numa citação de passagens escolhidas dos textos, disponibilizadas numa ordem certamente cronológica da argumentação; em bora um tal formato possa servir a um resumo das idéias do autor (com suas próprias palavras), tenho dúvidas sobre a eficácia deste procedimento, no que respeita a fixação das idéias dos textos. Preferiria um pouco mais de paráfrases destas idéias dos autores, um certo esforço de colocar em palavras próprias as linhas gerais da argumentação dos autores, possivelmente entremeando isto com eventuais citações dos textos (este é o modelo das fichas que eu mesmo faço de minhas leituras).

Um outro aspecto da organização textual das fichas é o aproveitamento que se faz da estrutura tópica dos textos, na construção do fichamento: no caso de Kristeva e Eco, isto pode ser de grande auxílio (já que os textos deles são plenos de seções e sub-seções, que servem como pistas de como seus argumentos são desenvolvidos, mas acho que isto porta uma armadilha para o fichamento. Quando verifiquei nas fichas que avaliei que isto foi um procedimento de construção das fichas, notei que estes fichamentos ficaram por demais colados na estrutura dos textos, discriminando cada etapa da argumentaçã. Outro problema é que há textos que não seguem esta estrutura (é o caso de Lotman), o que deixa o leitor meio que "órfão" deste recurso.

Por fim, acho que poucos ou quase nenhum dos fichamentos que avaliei trabalharam expressamente a conexão entre os textos e a temática global da unidade (o estudo dos signos e a lógica da cultura). Imagino que isto deva ser levado em conta por cada um de vcs., no modo de tratar as fichas de leitura: estes textos estão a serviço de uma série de exposições sobre temas específicos (os próximos textos, por exemplo, versam sobre as interrelações de "significação" e "comunicação"), os quais não devem ser negligenciados na leitura dos textos. De outro modo, fica pouco claro pq. é mesmo que estes textos estão sendo lidos, na sequência em que são propostos.

Última observação, apenas: a quem quiser maiores detalhes sobre a arte de compor uma ficha de leitura, recomendo ir a um pequeno livro de U.Eco, chamado Como se Faz uma Tese, que é um ótimo e bastante simples guia de como se locomover neste ambiente dos textos acadêmicos e como fazer de sua leitura algo de útil e instrumental ao desenvolvimento intelectual, no contexto do aprendizado em nível universitário.

É isto, então.

Ad,

Benjamim

Nenhum comentário:

Postar um comentário